quarta-feira, 30 de junho de 2010

Tapa Buraco


Campanha presidencial começando e uma vontade danada de expressar os absurdos políticos e midiáticos que traz consigo esse período que nos visita a cada 4 anos. Na pauta do momento está o dilema de um segmento político que encontra-se perdido, vacuoso, sem discurso nem programa... carregando embaixo do suvaco uma cartilha quinhentista de um mundo que já não existe mais, quem dirá um Brasil que exista...
Depois de muito vuco-vuco foi escolhido o vice da chapa "Brasil 500 anos", ninguém melhor para apostar numa chapa desta que um Indio. Uma escolha cheia conturbações, uma novela triste, monótona, que faz os esforços progressistas sentirem-se sobrepujados. Que graça tem brigar com essa gente?? A julgar pela pré-campanha, meu Deus...

Indio Costa (who?) DEM-RJ (gsus!!) foi o escolhido, depois de de umas tungadas dos coronéis nos tucanos, eles desisitiram de Álvaro Dias (creio em Deus pai) para uma chapa puro sangue tucana, muito desejada pelas vontades ditatoriais serranas. Daí que Serra, vendo seus tempo de Tv sendo ameaçado, teve que dar lugar ao fisiologismo partidário, contra o qual luta e é um de seus palanques nessa campanha. Nisso o DEM encontrou-se menos que despregiado, e soltaram coisas do tipo " a campanha nós já perdemos, só não podemos perder o prestígio". Sem falar que o escolhido é um rapaz que lutou pela ficha limpa tendo uma ficha um tanto quanto suja, envolvido numas licitações esquisitas de merendas escolares no Rio, e seu maior envolvimento com o candidato que integra consigo a chapa foram 15 minutos finais do último jogo do Brasil.

Dá graça numa campanha assim? iniciada cheia vergonha alheia???

Insistiram em um candidato vazio e sem projetos, que porta apenas uma pseudo eloquência quando o assunto é desafogar as contas públicas. Só e somente só.

Isso nos remete à uma análise mais minuciosa a respeito da estrutura que compõe hoje a oposição no Brasil, melhor, que compõe as forças conservadoras deste país, já que temos que aguentar na oposição gente vingativa e amarga, Marina e PSOL. Somos uma colônia de uma civilização agressiva e muito vaidosa, que pouco respeitou o outro como ele é e como ele quer ser... por séculos fomos uma Europa de quinta, de coronelismo e vassalagem que eram assim considerados segundo suas origens étnicas... numa canetada decidiu-se que seríamos uma república igualitária, fraternal e positivista, quando na verdade estávamos ainda saindo do feudalismo americano. Mandava no país uma corrente de pensamento branca, afastada da realidade da maioria, gente que adquiriu certos princípios iluministas mas não tinha campo de aplicação entre os seus e muito menos vontade de tocar em privilégios que presumiam ser oriundos de Deus... e assim foi até a metade do século passado quando o capital internacional encontrou aqui um campo a ser explorado. Houve nisso a primeira tentativa de fazer o Brasil ser o país que merece ser pela sua grandiosidade e potência... acabou com um suicídio no Catete seguido por alguns anos de Ditadura. Tomou seguimento sem grandes traumas o conservadorismo tupiniquim, pra quem é tudo preto no branco. Família patriarcal, retidão nos valores, diversidade apenas no guarda roupa, sem muita criatividade até a chegada de nomes como o de Herchcovitch (êrrr), mas o fato é que o topo da nossa pirâmide social sempre esteve muito confortável em dar continuidade à sua herança de privilégios e manejar a massa da população de acordo com seus caprichos, massa de origem católica, conformista, crentes que estão inseridos em uma sociedade meritória, "um dia eu chego lá"... O tempo mostrou que o único mérito agraciado é a capacidade de tomar vantagem ás custas de sofrimento alheio. Mas 500 anos são 500 anos e não são em vão. Somos todos realmente e naturalmente iguais entre si, e não porque Rosseau descobriu que éramos e Napoleão inseriu na Declaração Universal dos Direitos Humanos. Como seres dotados de iguais capacidades as massas passaram a ver com seus próprios olhos, e num descuido antipatriótico fanático com as "maravilhas" modernas que se sucediam à aparente vítória do capital como única possibilidade de regramento social, o mais abastados esqueceram da capacidade daqueles que dão sustento às suas benésses, de tão satisfeitos que estavam na letargia com seus ganhos e a traquilidade que a história erroneamente lhes ensinava. Vimos a subida da esquerda ao poder em quase toda América Latina. Com a pouca "educação" que tinha diante de suas mãos, a maioria dispunha de outro fator não contabilizado, a inteligência progressiva que carregamos devido ao fato de simplesmente existirmos. A chamada perspicácia. Voltando à nossa situação do pandeiro aqui, pouco adiantou tantos mensalões, bob jeffersons, dossietes, o escambau, Lula foi reeleito de goleada; enquanto a direita se desestruturava... o coronelismo secular via seus nomes ou irem pras covas (ACM) ou perderem seu quórum eleitoral, a outra parte mais sofisticada esteve muito tempo viajando pro exterior bebendo em fontes já esgotadas, acreditando que seus currais estariam a salvo e o segredo seria fazer o de sempre.

O PFL se endemoniou e recebeu, como última lembrança de uma força que já comandou o país, uma crise institucional no único membro da federação que comandava. Encontra-se agora na possibilidade de se "enanicar".

A crise, tão bem vinda por aqui pelos nossos jornalistas por abrir uma suposta possibilidade de derrubar o governo vigente, não pegou, ao contrário, nos enalteceu e fez o Brasil virar escola meridional de como conciliar selvageria capital e interesses de Estado.

PSDB é a sigla escolhida por uma classe que não gosta de siglas, que nega ideologias, quando na verdade é a classe mais apegada a uma ideologia. Já parou pra pensar no que vem a ser um "conservador"? alguém que quer conservar... manter como está, não admite mudanças, e isso nunca está ligado ao retrocesso, mas ao progresso, é um segmento que tem por ideologia a repulsa à tudo que se trasforma, um sofrimento eterno já que tudo que existe é uma transformação constante, e são constantemente levados pelas ondas de melhoria como estamos vendo hoje. Em realidade, o PSDB jamais foi um grande partido, uma dissidência de alguns letrados que não acreditavam na chibata, mas na força da palavra como forma de convencimento, e por sua casca mais modernosa conseguiu agregar para si toda a ala conservadora do país. Elegeu presidente graças à uma chancela aberta por Washington aos países latino americanos e no eterno medo tupiniquim do barbudo de então, deu o golpe da reeleição e assim permaneceu por mais 4 anos. Criou força entre a patronagem e obviamente no estado onde ela é mais atuante, SP. Tenta a todo custo nos fazer reviver a primeira república Café com Leite, numa tentativa burra, muito burra, de evitar ver que existe mais 20 estados, ao menos, que são diversos em costumes e anseios, e que não querem ver mais um estado só dando todas as cartas do jogo. Nem mesmo a população de SP mais os quer no planalto pelo jeito. O PSDB não tem organização nem estrutura partidária, seu grande feito é ser anti-PT... é um partido sem alma, sem paixão, qualidade tão cara a qualquer entidade que se pretenda como partido político...

Obviamente as forças minguantes de um imperialismo decadente ainda se encontram atuantes no mundo e estarão presentes em nosso dia a dia por algum tempo, sobretudo nessa corrida presidencial. Em jogo está o papel do Estado. Presenciamos a descontrução estatal por 14 anos no Brasil, de um Estado que já pouco existia. Essa é a grande "não-ideologia" tucana. Basta reparar nas teclas apertada por Josésito. Seus grandes feitos??? bem, temos aqui a nota fiscal paulista.. o cidadão servindo de fiscal tributário, repartindo os ganhos que o estado tem evitando a sonegação. Parabéns! Boa idéia. Dammm Palocci. Temos também o trecho sul do rodoanel, obra muito polêmica e iniciada há 16 anos por aqui, desafogou nos horários de pico a av. dos Bandeirantes. Muito bom pra mim que tenho que fazer a rota ABC-Butantã muitas vezes. Parabéns. e o que mais... bem.. é isso! só! de alguém que ocupou a prefeitura por 2 anos, tapou alguns buracos nos jardins, rampa anti-mendigos, fechou o Atari, ameaçou acabar com o autorama... e... isso.. tudo isso é o que temos de José Serra, e é isso que ele quer pro Brasil, fazer que esqueçamos que existe um Estado. Em entrevista a Miriam Leitoa disse que sonha com o projeto de lei exigindo que no Brasil venha relacionado todos os impostos cobrados e embutidos nos preços dos produtos. Muito a favor eu sou da maior consicentização possível do cidadão, mas com certeza não é esse o intuito, mas sim que o cidadão pense: " eu tô perdendo tudo isso pro governo?" Enfim, e dar a retomada do desmantelo estatal na contra-mão mundial, quando vemos, após uma crise cíclica do capital, empresas como a GM tornarem-se estatais, sem falar nos empréstimos do dinheiro do povo salvando bancos irresponsáveis pelo mundo. Claro que as ineficiências são tão numerosas quanto as suas competências, mas isso significa que devemos aprimorar o poder do interesse comum, e não destruí-lo favorecendo o interesse privado.

Os ganhos de um Estado mais ativo é o testemunho que o Brasil está dando ao mundo, e é exatamente este o seu diferencial dos outros países que foram pegos em cheio pela crise.

Quando o assunto é tendências e caminhos do Brasil, o PSDB mostra que tá mais por fora do que bunda de índio.