pro.cras.ti.nar: verbo, deixar para fazer algo mais tarde sinônimos: empurrar com a barriga, deixar pra depois, protelar, demorar, deferir, espaçar, usar delongas... Do infinitivo latino procrastinare. Eu procrastino Tu procrastinas Ele procrastina
sábado, 16 de maio de 2009
Da comunhão
Há muito venho pensando sobre a necessidade de integração entre as pessoas, de modo geral. Onde estaria o liame que divide pessoas nos mais diversos setores, nas mais diversas repartições, faixas etárias, seguimentos sociais, de classe, etc. Aponte um grupo social e haverá dentro dele os mais diversos pensamentos, comportamentos e opiniões. Na Judéia bastou Abraão ter duas gerações a sua frente para começarem a aparecer as mais diversas seitas. O cristianismo abriga um número infindável de leituras desde o seu surgimento. Nas esquerdas, melhor nem comentar! Seria essa diversidade saudável ao todo? Seria esse o instrumento do qual a força evolucionária usa para o aprimoramento geral?
Uma pessoa de boas intenções, sempre enxerga os objetivos além de seus interesses particulares. Enxerga na conseqüência a sua real causa. O bem geral é a causa que resulta na conquista do interesse particular. Seria então uma forma de vivenciar o interesse geral, mesclar-se aos mais diversos seguimentos? Seria eu abrigado a aliar-me a todo tipo de grupo, em respeito à diversidade? Experimentando, assim, os sabores alheios, os anseios e visões diversas?
Isso aqui ta parecendo papo de brisa, mas bora trazer à Terra! Eu sou uma sandália clichezenta. Fui ótimo aluno quando pequeno, sempre procurei instruir-me sobre todas as áreas, detesto esportes competitivos, adoro cinema, artes em geral, e me jogo bunito quando posso e quando acho que devo me jogar. Preencho aquele espaço que tem nos sites de relacionamentos por ae: “baladeiro de plantão”. Aqui em São Paulo vivemos um período de monopólio da noite. Só há uma única casa dedicada à nossa comunhão para cada dia da semana, destacando-se a The Week aos sábados, dia reservado á ferveção por mandamento divino. Muito comum encontrar por aê gente que irá te odiar só em fazer referência à semelhante clube noturno, que eu vejo mais como um espaço de confraternização. O motivo, no geral, é o mesmo. Alia-se a casa a todo tipo de perdição que uma gay é capaz de se enfiar. A insegurança cria nas pessoas o sentimento de recalque, sendo um filhote do outro. O viado chega a The week e encontra um monte de descamisados bombados, pulando ao som de um bate estaca que para ele não faz o menor sentido. A visão de pouco alcance o leva a crer que é um grupo de gente fútil, de pouco valor, dedicados ao mais puro vazio. Esquece-se que todos nós somos providos de todo tipo de angústias, sofrimentos, alegrias e carga de aprendizados. Do mesmo modo que o lugar abriga garotos em busca de objetivos frívolos, de valores pouco sofisticados, os quais se baseiam em objetos muito efêmeros para alimentar seu orgulho; também é o lugar de pessoas humildes, de vasta cultura, de bons desejos, boas vibrações e pura simpatia, e o simples julgamento pelas aparências nos faz cair em terríveis enganos. Não estou defendendo aqui as vicissitudes autodestrutivas. A bicha que vai todo fim de semana se entupir de droga na boate pra tampar buracos doloridos em sua vida não deve, a meu ver, levar a vida desse jeito, uma vez que isso só aumentaria sua carga de sofrimento (o equilíbrio é assunto de maior primazia). Mas se cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é, a esse mesmo sujeito cabe zonear onde ficam as suas dores e as suas delícias. Para muitos ambos os conceitos se misturam, dor e delícia dá na mesma. A vida sempre acaba nos mostrando os limites e os reais valores que devem ser cultuados entre nós (amizade, confiança, boa vontade, fé no próximo, sinceridade) seja através de perdas materiais, emotivas ou até mesmo de saúde. Muita gente só aprende que são aqueles os reais valores quando a vida os impõe um baque, que ao primeiro relance tudo parece perder o sentido de ser, e enquanto o sujeito não redescobrir-se e aprender o que é o primordial, sofrerá as mais terríveis angústias e não terá respostas para a maioria de suas perguntas. Portanto, ao invés de nutrir a repulsa por tais indivíduos, busco a compaixão e o desejo de ajudar. Não através de julgamentos e conselhos no estilo pai pra filho, porque bora combinar, saber que o abuso faz mal todos nós, de plena capacidade, sabemos, ou então, a prática nos ensina. Descobrir por si mesmo é o melhor caminho. A mim sobram os atos de boa conduta. Um simples sorriso, um abraço, um papo descontraído, um elogio, já faz a balada da pessoa valer a pena, melhora sua auto-estima e traz para ela momentos de felicidade e o meu por tabela.
Conclusão: Uma vez que todos nós somos aptos a agir de forma equivocada, todos nós somos necessitados da presença de todos nós. Tá aê a prática de ensinamentos milenares, tipos " Nã julgue para não ser julgado", " atire a primeira pedra", " tire antes a trava do teu olho ", etc...
Agora, será eu obrigado a comungar com pessoas de interesses escusos, que se comprazem os erros alheios, tendo como principal objetivo o julgamento e a maledicência? Pessoas que extravazam inveja e má-vontade com o próximo?
De novo, não pretendo excluir ninguém de lugar algum, todo mundo que rega sentimentos negativos tem lá seus motivos (insegurança, más experiências, etc.), mas eu simplesmente não vou conseguir retribuir as mesmas idéias, o que torna uma real aproximação inviável, e de fato, a própria pessoa sentindo que suas idéias não ecoam, afasta-se.
Respondendo as perguntas do início, eu não creio que devemos excluir quem quer que seja do círculo que for. O que ocorre sempre é uma auto-exclusão. Dando praticidade à coisa, quem não vai a The Week sob os argumentos que o povo lá é fechado e só valorizam músculos, marcas e blá blá blá, é que na verdade repara apenas no foco que mais o chama atenção (certamente pela inveja) e não olha para as bordas, para todo o conjunto. Um bom exemplo muito próximo a mim, é do meu companheiro de aventuras. O conheci quase HT, 0,5 Kg era o seu peso, ia á praia de bermudão porque sunga era coisa de baitola. Mas a sua disposição com o novo, a auto-confiança, e o pouco cultivo a sentimentos negativos o transforaram numa pessoa de bom sucesso por aê, muito feliz e satisfeita consigo mesmo. É verdade que houve uma certa trasformação física, mas isso é resultado daquilo. É sabido que lá abriga as mais variadas faunas, basta ter um pouco mais de interesse no todo. No fundo, o recalque sempre impera. Falo aqui em The Week apenas como mero espaço amostral, não que seja um puxassaquismo ao Bispo Almada, aliás, eu bem acho que já é tempo do surgimento de uma nova Catedral aqui em SP, merecemos. Seja de quem for a iniciativa.
Hoje irei à TRIBE, minha primeira Rave. Sempre fui resistente à idéia de me misturar com Héteros em um espaço de jogação, sobretudo quando ele são a maioria, e ainda mais com aquelas músicas que pouco colaboram com o remelexo de quadril. Mas hoje eu acho que deve ser a tendência. Agraciarmos uns aos outros pela pura presença, sem julgamentos e com o único intuito da união e eucaristia. Planejava poder criar lá uma embaixada como fizemos na Sensation, mas o viadeiro ainda é resistente. Haverá a hora certa.
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